Por Manuella Canavarro, Especialista em Copywriting na Humans Land.
Sabe aquela sensação de “grande evento” que a gente costumava ver nos lançamentos? Toda uma coreografia planejada: o aquecimento, o esquenta, o suspense… até o famoso “carrinho aberto”. Era tipo um festival de fogos. E funcionava. Muita gente cresceu (inclusive profissionalmente) acreditando que era assim que se fazia: concentrando energia, atenção e verba em um único momento.
Mas olha ao redor. Está todo mundo começando a se cansar do espetáculo.
E aí entra um outro ritmo de comunicação, bem mais fluido, quase silencioso, que está ganhando espaço sem fazer alarde: o tal do “drop”. Aquele estilo meio “coloquei no ar e quem viu, viu”. Parece pouco, mas tem muita estratégia por trás.
Pensa comigo: quando foi que a Netflix te avisou que uma série incrível ia estrear com direito a contagem regressiva, live de aquecimento e bônus para quem assistisse nos primeiros minutos? Provavelmente nunca. E mesmo assim, lá estamos nós, maratonando uma novidade que caiu no catálogo do nada. E amando.
A lógica mudou.
Nós, enquanto consumidores, nos acostumamos com o fluxo constante. Com a sensação de que sempre tem algo novo chegando, mas sem que isso precise virar um evento. E isso é muito poderoso, porque quebra a ansiedade do “grande dia” e transforma a relação com a marca em algo mais cotidiano, mais próximo. Mais natural, até.
Eu não tô dizendo que os lançamentos acabaram! Eles ainda têm o seu lugar, principalmente quando existe algo realmente disruptivo, quando precisamos parar o mundo para prestar atenção. Mas o que eu vejo, cada vez mais, são marcas entendendo que é possível encantar sem fazer aquele barulhos que estávamos acostumados. Que criar relevância pode vir de uma presença contínua, e não só de um pico.
Tem gente chamando isso de “gotas de novidade”. Eu gosto da ideia. Porque ela conversa com a forma como consumimos conteúdo hoje: aos poucos, no nosso tempo, do nosso jeito, o tempo inteiro. E isso vale para tudo, de produtos a ideias, de campanhas a lançamentos internos.
A pergunta que fica é: será que seu negócio precisa mesmo de um grande show… ou está na hora de um palco mais estável, de mais gotas de novidades todos os dias?
Gotas de novidades, no fim, são puro relacionamento. Quando relacionamento vira hábito, vender é consequência natural.