Crédito: Adobe/ Coca Cola
Se você já se deparou com um manual de marca de centenas de páginas – aquele documento sagrado, porém muitas vezes intimidador, que dita cada respiro visual de uma empresa – sabe do que estamos falando. É a “bíblia” que, por anos, tentou garantir consistência, mas que nem sempre foi sinônimo de agilidade ou de um florescer criativo verdadeiramente livre. Agora, imagine esse gigante de papel sendo elegantemente substituído por inteligência artificial. Parece roteiro de filme futurista? Pois é o que a Coca-Cola acaba de anunciar.
A gigante das bebidas, em parceria com a Adobe, apresentou ao mundo o “Projeto Fizzion”. Trata-se de uma plataforma de IA destinada a revolucionar a maneira como sua identidade de marca é compreendida, implementada e, crucialmente, expandida criativamente em escala global. Na prática, estamos falando do fim da era do guia estático de 400 páginas e o início de um ecossistema de branding dinâmico, onde a IA não só orienta, mas também inspira.
Mais do que Eficiência: Uma Nova Dinâmica Criativa
A primeira leitura pode sugerir um movimento puramente focado em eficiência e controle – e, sim, garantir que a icônica marca Coca-Cola seja representada com consistência em todos os cantos do planeta é, sem dúvida, um dos motores. Contudo, a ambição parece ir além. Ao “ensinar” a IA com a “sensibilidade visual” da marca, como aponta a Fast Company Brasil, a Coca-Cola busca transformar a IA em uma parceira criativa. Uma ferramenta que não apenas limita, mas que oferece um playground seguro e inspirador para que agências e designers explorem novas execuções, mantendo-se fiéis ao espírito da marca.
Isso levanta questões: Como essa mudança redefine a relação entre grandes corporações e suas agências? Mais importante, libera-se tempo e energia mental do “como fazer” para o “o que fazer” de mais impactante?
Crédito: Adobe/ Coca Cola
Se a Coca-Cola Pode, o que “Nós” Podemos?
É natural pensar: “Ok, isso é a Coca-Cola, com seus orçamentos e recursos monumentais. O que isso tem a ver comigo, empreendedor, líder de uma empresa em crescimento?” E aqui reside o pulo do gato, ou melhor, o “fizz” da questão para nós, “Landers”. A iniciativa da Coca-Cola não é apenas sobre tecnologia de ponta; é sobre uma mentalidade.
- Foco no Estratégico, Não no Operacional: Quantas horas sua equipe criativa (ou você mesmo) gasta em ajustes minuciosos de branding? E se a IA pudesse absorver parte desse trabalho, permitindo que o talento humano se concentrasse na estratégia, na ideação de campanhas realmente disruptivas e na conexão emocional com o público?
- Cultura de Inovação Contínua: O movimento da Coca-Cola é um lembrete poderoso de que nenhuma área está imune à transformação digital e à inteligência artificial. Questionar processos legados, mesmo aqueles tão estabelecidos quanto um manual de marca, é vital. Qual “guia de 400 páginas” existe hoje no seu negócio que poderia ser repensado com a ajuda da tecnologia?
O Futuro é Híbrido e a Criatividade Também
A entrada da IA no coração do branding de uma gigante como a Coca-Cola não sinaliza a obsolescência do talento humano, mas sim sua evolução. A criatividade estratégica, a capacidade de construir narrativas emocionantes e a sensibilidade para entender o zeitgeist cultural continuam (e talvez se tornem ainda mais) domínios fundamentalmente humanos. A IA surge como uma parceira poderosa, capaz de escalar a execução e liberar potencial.
Para nós, na Landers, fica a provocação: como podemos, cada um em nossa realidade, começar a construir esse futuro onde tecnologia e o toque humano não apenas coexistem, mas se potencializam mutuamente? Afinal, como sempre gostamos de falar por aqui, pensar além é parte do negócio.
Fontes: Fast Company / The Coca-Cola Company
Por Elisa Moura, Criativa na Humans Land.