Tenho conversado com muitos gestores ultimamente, e é interessante observar a ansiedade que a inteligência artificial tem gerado. Existe uma pressão quase palpável para fazer algo a respeito, para não ficar para trás. Contrata, investe, pilota. Mas, muitas vezes, sem uma clareza sobre o que de fato se está buscando.
O que tenho observado é que estamos olhando para o problema pelo lado errado. A gente se apaixona pela capacidade da ferramenta de dar respostas, mas esquece que o valor de uma resposta está diretamente ligado à qualidade da pergunta que a originou.
E a tecnologia, por mais avançada que seja, não tem curiosidade própria.
Na prática, o que vemos são projetos de IA focados em otimizar o que já não funcionava tão bem. Um chatbot que frustra o cliente, só que mais rápido. Um e-mail de vendas irrelevante, mas enviado no momento perfeito segundo o algoritmo. A gente ganha uma certa eficiência, mas perde o bom senso no caminho.
Talvez o nosso papel, como pessoas que pensam em negócios e relacionamentos, não seja o de ter as melhores respostas tecnológicas. Talvez seja o de ajudar a formular as melhores perguntas.
A tecnologia muda o tempo todo, mas a necessidade humana de ter clareza sobre o problema real a ser resolvido, essa não muda.
No fim do dia, uma máquina pode analisar todo o comportamento passado de um cliente. Mas a inquietação, a curiosidade de pensar em como podemos criar uma experiência genuinamente melhor para ele amanhã… essa faísca ainda é nossa.
E talvez seja a única coisa que realmente importa.